8 de agosto de 2012

Compreendendo a Morte, por Paramahana Yogananda (SR Magazine - Inverno, 1984)

Eu busquei intrepidamente durante meses e anos até encontrar as respostas para o mistério da vida e da morte, e para saber se as almas reencarnam ou não. Para vocês, isto é somente um pensamento, uma simples crença, porque não têm provas. Mas eu não estou lhes falando de meras crenças. Eu encontrei provas de vida depois da morte e de reencarnação. Portanto, posso falar com verdade porque aquilo que digo para vocês, eu o experimentei.

Embora o homem comum encare a morte com temor e tristeza, aqueles que partiram antes, conhecem-na como uma maravilhosa experiência de paz e liberdade.

Como é gloriosa a vida depois da morte! Não mais terão de arrastar esta velha bagagem de ossos, com todos os seus problemas. Vocês serão livres no céu astral (*), desembaraçados das limitações físicas.

Na morte, vocês esquecem todas as limitações do corpo físico e se apercebem de como são livres. Durante os primeiros segundos, existe uma sensação de medo – medo do desconhecido, de alguma coisa não familiar à consciência, mas depois vem uma grande realização: a alma sente uma sensação de alegria, de alívio e de liberdade. Vocês sabem que existem independentemente do corpo mortal.

Não há nada a temer, porque pelo período de tempo em que vocês estão mortos, estão vivos, e quando morrerem tudo passou e não há nada a recear. A morte é uma experiência universal, é uma mudança por que passa cada um de nós. Consolem-se com a idéia de que a morte surge para todas as pessoas – pecadoras ou santas – e que, portanto, ela pode ser até uma espécie de feriado para a penosa atividade da vida.

A morte é muito agradável quando vem. Mas não a desejem para escapar de suas duras lições nesta escola da vida. Isso seria errado. Por maiores que sejam os seus testes nesta vida, deverão passá-los bravamente. Quando os conquistares aqui, a morte virá como uma recompensa.

A morte não é o fim; ela é uma emancipação temporária, que lhes é concedida quando o karma, a lei de justiça, determina que o seu corpo e o meio ambiente já serviram ao seu propósito, ou quando estão demasiado fatigados ou exaustos pelo sofrimento para suportar a carga de uma mais longa existência física. Para aqueles que estão sofrendo, a morte é a ressurreição fora das penosas torturas da carne para acordar em paz e tranqüilidade. Para os mais idosos, é uma pensão ganha pelos anos de luta através da vida. Para todos, ela é um bem-vindo descanso. Mas quando se está repousado, os desejos não satisfeitos começam a despertar de novo, e as pessoas anseiam pro satisfazê-los. Quando esses desejos se tornam fortes, reencarnam de novo numa forma física.

O nosso eu real, a alma, é imortal. Nós podemos dormir por um pequeno lapso de tempo, nessa mudança chamada morte, mas não poderemos nunca ser destruídos. Nós existimos, e essa existência é eterna. A onda vem até a praia e depois regressa ao mar, não fica perdida. Ela se torna una com o oceano, ou regressa de novo, na forma de outra onda. Este corpo veio e desaparecerá, mas a interna essência da alma nunca cessará de existir. Nada pode terminar essa consciência eterna.

Por que choramos quando os nossos queridos morrem? Porque lamentamos a nossa própria perda. Se os nossos seres amados nos deixam para ir treinar em melhores escolas da vida, nós deveríamos nos regozijar em vez de estarmos egoisticamente tristes, pois poderemos retê-los no ambiente da Terra e embaraçar o seu progresso pela emissão dos nossos próprios desejos egoístas. O Senhor é sempre novo, e pela Sua infinita e mágica varinha, a Morte Renovadora, Ele mantém cada objeto criado, cada ser vivente, numa permanente remodelação em veículos mais ajustados às Suas inesgotáveis expressões. A morte surge para o homem obediente como uma promoção e um mais alto estado, mas para o que fracassa, ela vem para lhe dar mais uma oportunidade num ambiente diferente.

O homem ignorante vê somente a insuperável parede da morte, escondendo aparentemente para sempre, os seus amigos queridos. Mas o homem liberto de apegos, que ama os outros como expressões do Senhor, compreende que na morte os seus entes queridos somente regressam para um espaço onde respiram alegria nEle.

Para enviarem os seus pensamentos aos seres amados que partiram, sentem-se calmamente no seu quarto e meditem em Deus. Quando sentirem a Sua paz no seu interior, concentrem-se profundamente no ponto entre as duas sobrancelhas e emitam o seu amor àqueles queridos que se foram. Visualizem em seguida, no centro Crístico, a pessoa com a qual desejam contatar e enviem a essa alma as suas vibrações de amor, de força e de coragem. Se fizerem isso continuamente, e não perderem a intensidade do seu interesse pelo ser querido, essa alma receberá definitivamente as suas vibrações. Tais pensamentos lhe darão uma sensação de bem estar, uma sensação de ser amada. Ela não se esqueceu de vocês, da mesma forma como vocês não se esqueceram dela. Digam-lhe mentalmente: “Nós nos encontraremos de novo algum dia e continuaremos a desenvolver mutuamente amor e amizade divina”. Se vocês enviarem aos seus queridos, continuamente, esses pensamentos de amor agora, seguramente algum dia, os encontrarão de novo. E saberão também que esta vida não é o fim, mas um mero anel da eterna cadeia de relacionamento com os seus amados.

(*) Nota da Editora: “Céu astral”, a sutil esfera da criação de Deus, um universo de luz e de cor composto de forças mais finas do que as atômicas (vibrações de energia vital). Quando se dá a morte física e o corpo carnal se desintegra, a alma, encaixotada no seu corpo causal de pensamentos-padrão, vai até ao mundo astral para continuar a sua evolução espiritual em maior liberdade nesse sutil reino.Lá permanece até que a força dos desejos materiais a leve a reencarnar na Terra num novo corpo físico.