Algumas pessoas nascem com uma disposição de
espírito agradável, todos são atraídos por elas. Outras, nunca são estimadas.
Outras ainda há que, nem amadas nem desamadas são, são ignoradas. Por quê? Deus
é imparcial e não pode ser responsabilizado pela distribuição desigual de
qualidades agradáveis. As características de cada pessoa são o produto de seu
próprio cultivo. Ela mesma criou suas qualidades agradáveis ou desagradáveis,
nesta vida atual ou em vidas passadas. Seria uma grande injustiça, se Deus
fosse o responsável por criar pessoas com a vantagem de possuírem qualidades
agradáveis e outras com a desvantagem de serem desagradáveis. Não foi Deus quem
deu más tendências a uns filhos e boas a outras então, não podemos culpá-Lo.
Deus cria todos os homens iguais, feitos à
Sua imagem. Para entender o porquê das supostas disparidades humanas,
precisamos entender a lei da reencarnação. O conhecimento desta lei ficou
sepultado e esquecido durante a Idade Média. Jesus falou de reencarnação quando
disse: “Elias já veio e não o reconheceram [...]. Então os discípulos
compreenderam que Jesus lhes falava de João Batista” (Mateus, 17:12,13). A alma
que, em encarnação anterior, fora Elias (Elijah), voltara agora como João
Batista.
Não haveria significado para a vida, se ela
não nos desse oportunidades para desenvolvermos os nossos potenciais e para
satisfazermos os nossos desejos. Sem a reencarnação, como operaria a justiça
divina, por exemplo, para com aquelas almas que não tiveram oportunidade de se
expressar porque vieram aprisionadas no corpo de uma criança que já nasceu
morta, ou vieram no corpo de uma criança que talvez só viva até os seis anos de
idade? Tais almas dificilmente poderão ser condenadas ao inferno, se nada
fizeram para merecer castigo, nem poderiam ir para o céu, se não tiveram
oportunidade para merecê-lo. Este mundo é uma imensa escola e a lei da
reencarnação é a justiça que traz todos os homens aqui de volta, até que tenham
aprendido todas as lições da vida. O Senhor Krishna referiu-se a esta verdade
quando disse: “Diligentemente seguindo o seu caminho, purgando-se do pecado,
alcançando a perfeição pelo esforço de muitos nascimentos, o yogue finalmente
ingressa na Suprema Beatitude” (Bhagavad Gita, VI: 45).
O próprio homem cultivou suas qualidades,
boas e más. Em algum lugar, em algum tempo, nesta ou em outras vidas, as
sementes foram lançadas por suas próprias ações. Se ele permitir que as
sementes das ações prejudiciais germinem, elas abafarão, pela força do número,
as sementes do bem que ele já semeou. Os sábios moldam o jardim da vida,
arrancando as ervas daninhas do mal que medram entre as plantas cultivadas do
bem.