8 de novembro de 2012

A Arte de Libertar-se da Mágoa

Quem quiser viver neste mundo com algum grau de paz interior, deve aprender a lidar com a mágoa. É tão fácil para o ego ficar ofendido quando as pessoas nos tratam de maneira estranha. Maestria em sentimentos e emoções está no coração da ciência da yoga e autorrealização como a base do treinamento espiritual. Posso falar por experiência própria. Sentimento de mágoa e eu não éramos estranhos um ao outro. Quando entrei no ashram com dezessete anos eu era muito sensível e sofri muito por isso. Yogananda era meu ideal espiritual, eu desejava antes de qualquer coisa agradá-lo, e toda vez que havia uma pequena diferença no seu tom de voz quando falava comigo eu tinha certeza que ele estava com raiva ou descontente comigo. Qualquer palavra mais forte sobre alguma área que eu precisava melhorar me causava uma dor profunda. Eu pensava, talvez ele não goste de mim, e isso provocava em mim o desejo de me isolar. Eu tive muita dificuldade para combater estes estados, e racionalizar não adiantava, “bem que ele podia ter dito algo encorajador vendo que eu estava me sentindo por baixo hoje”.

Muitas vezes, quando Yogananda juntava os devotos e conversava conosco informalmente sobre a vida espiritual, eu sentia que o seu aconselhamento direcionava-se exatamente a alguma batalha que eu estava vivendo. Em uma dessas ocasiões eu gravei o seguinte: “muitas pessoas pensam que deveriam sentir pena de si mesmas quando são criticadas, e que essa sensibilidade traz um alívio. Mas estas pessoas são como o viciado em ópio, cada vez que ele consome a droga mais se afunda no hábito. Seja tão firme como o aço contra a sensibilidade. Uma pessoa muito suscetível frequentemente sofre em vão. Geralmente ninguém tem a menor ideia de que ela tem uma tristeza, muito menos sobre o que é. Então ele se sente ainda mais ferido no isolamento por ele mesmo criado. Nada se alcança fazendo um velório silencioso sobre a percepção de alguma ofensa. É melhor remover, por maestria própria, a causa que produz tal sensibilidade”.